Metade dos brasileiros já coloca a saúde mental no topo das preocupações. Uma pesquisa recente mostrou que 52% da população está atenta ao tema, mas apenas 1 em cada 4 pessoas recebe algum tipo de tratamento.
Isso revela um paradoxo: nunca se falou tanto sobre saúde mental, mas ainda falta acesso, acolhimento e continuidade no cuidado. E é justamente essa lacuna que explica por que tantas pessoas continuam sofrendo em silêncio.
No Mês de Prevenção ao Suicídio, celebrado em setembro, a reflexão é clara: não basta se preocupar. É preciso agir, procurar ajuda e construir redes de apoio que acolham quem está em sofrimento.
O que significa falar de prevenção?
A prevenção ao suicídio não se resume a evitar que uma crise aconteça. Ela começa muito antes.
Está em oferecer espaços seguros de escuta, quebrar o estigma que ainda cerca os transtornos mentais e garantir que o paciente não se sinta sozinho no seu processo de adoecimento.
No Brasil, mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a transtornos como depressão, ansiedade e dependência química.
A boa notícia é que todos eles podem ser tratados com acompanhamento adequado. O desafio é garantir que o cuidado chegue até quem precisa.
Setembro Amarelo agora é Lei
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina divulgam o Setembro Amarelo como mês de prevenção ao suicídio.
A iniciativa fortalece políticas públicas e amplia a visibilidade do tema em escolas, empresas, hospitais e comunidades. Essa mudança não resolve todos os problemas, mas dá um recado importante: saúde mental é prioridade de saúde pública.
O papel do Hospitalis nesse cenário
Falar de prevenção ao suicídio dentro de um hospital pode parecer contraditório à primeira vista. Afinal, muitos ainda enxergam o hospital apenas como espaço de emergência. Mas a realidade é outra.
O Hospitalis tem a missão de ser não apenas um lugar de tratamento, mas também de acolhimento e prevenção.
Escuta que salva
Na prática clínica, pequenos sinais fazem diferença. Um paciente que chega com dor física pode estar, na verdade, dando indícios de sofrimento emocional.
Por isso, o Hospitalis investe em capacitação das equipes para reconhecer esses sinais e oferecer a escuta ativa que muitas vezes é o primeiro passo de um tratamento.
Encaminhamento ágil
Quando o risco é identificado, a rapidez conta. Ter protocolos que direcionam o paciente para avaliação psicológica ou psiquiátrica, de forma acolhedora e sem burocracia, é fundamental para reduzir riscos.
Por que isso importa?
Porque a saúde mental ainda é marcada por atrasos no diagnóstico. Muitas pessoas chegam ao sistema de saúde em estágios avançados de sofrimento, quando já estão em crise ou com risco aumentado.
Prevenção é, justamente, interromper esse caminho antes do ponto crítico. É dar suporte quando os primeiros sinais aparecem: isolamento, fala de desesperança, queda no desempenho no trabalho, mudanças bruscas de humor ou até sintomas físicos sem causa aparente.
Quando um hospital decide olhar para esses sinais com a mesma seriedade que olha para um infarto ou uma fratura, ele passa a atuar de forma completa na preservação da vida.
O que cada pessoa pode fazer
A prevenção não é papel apenas dos profissionais de saúde. Todos nós podemos contribuir.
- Escute sem julgar: se alguém disser que não vê sentido na vida, não minimize. Leve a fala a sério.
- Incentive a busca de ajuda: psiquiatras, psicólogos e médicos de família são peças-chave no cuidado.
- Divulgue serviços de apoio: o CVV (188) funciona 24 horas, gratuitamente, em todo o Brasil.
- Cuide de si também: falar de prevenção envolve reconhecer os próprios limites e procurar ajuda sempre que necessário.
Transformar preocupação em cuidado
O Setembro Amarelo nos lembra que a saúde mental não é luxo, nem algo secundário. É parte da saúde integral e precisa ser tratada como tal.
No Hospitalis, acreditamos que prevenir o suicídio é um compromisso coletivo: do hospital, dos profissionais, das famílias e de toda a sociedade.
Porque, no fim, a mensagem é simples e poderosa: quem é acolhido encontra esperança, e quem encontra esperança tem mais chances de viver.
